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sábado, 11 de junho de 2011

Proibido consumo de cachaça da Paraíba no Parque do Povo


Primeiro foi a polêmica do “forró de plástico”. Agora, estamos diante de outro absurdo ao falarmos do São João de Campina Grande. Enquanto o debate sobre o “forró de plástico” se pautou pela defesa da produção local versus a diversidade de atrações, a nova polêmica só tem um lado. E a Paraíba está totalmente fora dele.
De acordo com a Associação dos Produtores de Engenho de Cachaça da Paraíba, a prefeitura resolveu proibir, numa espécie de Lei Seca predatória, a venda de qualquer cachaça produzida na Paraíba durante os 30 dias de festa no Parque do Povo. Simplesmente porque fechou patrocínio com a Cachaça 51, de São Paulo.
Isso fez com que depois de dez anos de sucesso a Associação dos Produtores de Engenho de Cachaça da Paraíba, que congrega 32 marcas locais, deixasse de abrir o famoso pavilhão da cachaça, onde o visitante, ao entrar, era laureado com a mais rica e saborosa diversidade das aguardentes paraibanas.
Segundo Vicente Lemos, presidente da Associação e dono da Cachaça Volúpia, a prefeitura permitiu a instalação do Pavilhão, mas institui regras que inviabilizariam o negócio. Entre elas, a de que os visitantes não poderiam mais consumir a cachaça dentro do Pavilhão. E nem fora. O mais absurdo: poderiam comprar as garrafas, mas consumir apenas fora do Parque do Povo.
A prefeitura, segundo Lemos, iria colocar, inclusive, fiscais para flagrar e impedir o consumo da cachaça paraibana no Parque do Povo. “Achamos por bem não abrirmos o Pavilhão porque não passaríamos por esse constrangimento”, declarou Vicente Lemos.
Com a desistência do Pavilhão, proibiu a venda de qualquer marca paraibana em quaisquer das barracas instaladas no Parque do Povo. Algo que, certamente, não agrada ao povo.
Em nome da “boa ideia” de fora, 32 marcas da cachaça paraibana não serão apreciadas nem pelos paraibanos nem pelos turistas que visitam Campina Grande. Ora, fica a pergunta, a ideia de realizar uma festa nacional em Campina Grande não é exatamente pra mostrar ao Brasil e ao mundo o que a gente tem de bom?
Então, como é que nós mesmos dificultamos isso?
O OUTRO LADO
Gilson Lira, secretário responsável pelo evento, disse que não há nada de correto no que a Associação está falando. Ele disse que o importante patrocínio da cachaça 51 nada tem a ver com a história. O ano passado foi a Pitu e mesmo assim tinha o Pavilhão, lembrou.
Segundo ele, a prefeitura não proibiu a venda de cachaça paraibana. “Muito pelo contrario o pavilhão da Cachaça da Paraíba foi uma ideia nossa”, destacou. O que a prefeitura definiu, disse Lira, é de que o Pavilhão serviria para se vender os kits da cachaça paraibana para turistas e visitantes locais. E não a venda em doses porque durante anos se percebia a incidência de visitantes embriagados.
Queriam valorizar a produção local para que ela fosse levada pra fora. Mas como o turista saber o que é bom sem provar?
E como provar a cachaça da Paraíba e não pedir outra?
A melhor maneira de se livrar da tentação é render-se a ela, já dizia Saint Exupéry.
Detalhe: Gilson Lira não desmentiu a informação de que não se pode vender cachaça da Paraíba nas demais barracas do Parque do Povo.
A meu ver, o grande debate está em não poder sentar na mesa, seja paraibano de Patos ou um francês que mora na Suíça, e pedir uma cachaça da Paraíba, pois a única opção é a 51, uma cachaça produzida em São Paulo.
Sinceramente, não tenho com o engolir essa história.
Foi uma má ideia.
Luís Tôrres

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